terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Viagem de marreco chinês lança luz sobre migração das aves


Um marreco selvagem retornou a Hong Kong após uma viagem de ida e volta de 12.000 km, passando pelo Ártico, e os especialistas em preservação afirmam que a façanha trouxe novas informações sobre a migração das aves.
Segundo o grupo ambientalista WWF, a fêmea de marreco-arrebio (Anas acuta), que teve um transmissor acoplado em dezembro do ano passado, voltou à reserva natural Mai Po neste Natal.
A ave foi a única de 23 pássaros de Hong Kong marcados com um transmissor alimentado por energia solar a retornar ao território chinês, anunciou o grupo ambientalista em um comunicado à imprensa.
O rastreador mostrou que a ave deixou Hong Kong em 25 de fevereiro e chegou ao Círculo Ártico em meados de junho.
Ela parou no leste e no nordeste da China e no Mar Amarelo, na altura da costa sul-coreana, antes de chegar à Sibéria, onde permaneceu por três meses supostamente para acasalar antes de seguir para o sul, no fim de setembro.
Voando a uma velocidade média de 50 km/h, a marreca viajou 1.700 km em três dias, parando na Rússia e no Japão antes de chegar à província chinesa de Guangdong, em 18 de dezembro.
Ela acabou retornando à reserva natural de Hong Kong no Natal, após uma viagem de ida e volta que totalizou 12.000 km.
Segundo a emissora britânica BBC, o WWF usou a ferramenta Google Earth para rastrear as áreas de alimentação da pata e seu caminho de volta a Hong Kong.
Katherine Leung, especialista da WWF em Hong Kong, disse ao jornal South China Morning Post que o projeto forneceu informações importantes sobre a migração de aves.
"Durante a migração, os patos enfrentam muitas ameaças, como predadores naturais, caçadores e doenças", explicou. "Outra tendência preocupante são os projetos de desenvolvimento, inclusive de recuperação (de terras), que resultam, provavelmente, em perda de hábitat para eles e outras aves aquáticas", acrescentou.
Conhecer "sua rota migratória nos ajudará a protegê-los melhor no futuro", concluiu.
Apenas outros dois transmissores dos 23 acoplados aos patos ainda estão funcionando. Os outros provavelmente caíram, apresentam falhas na trasmissão ou os animais foram caçados.
Segundo informações divulgadas no site da BBC, uma das aves foi morta quando sobrevoava a Rússia e seu transmissor foi rastreado até onde se acredita que seja a casa do caçador que a abateu.
Outra, uma piadeira (Anas penelope), parecia estar na Coreia do Norte, onde passou mais de um mês, acrescentou o WWF.
O projeto foi realizado pelo WWF Hong Kong, em parceria com o departamento de microbiologia da Universidade de Hong Kong, da Asia Ecological Consultants e do Serviço Geológico Americano para estudar a migração dos patos selvagens e o papel das aves migratórias na gripe aviária.
Hong Kong foi o epicentro da maior epidemia de grive aviária entre humanos em 1997, quando seis pessoas morreram vítimas de mutação do vírus, que normalmente fica restrito a aves domésticas.

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